O Santuário dos Pajés

“O ancião tem o acervo de sua ancestralidade. […] Quando o universo não tem saberes ancestrais, o povo fica igual a um ‘formigueiro’ que não sabe da onde vem e para onde vai”. Pajé Santxiê

O Santuário Sagrado dos Pajés é um território localizado em Brasília, ocupado por grupos indígenas desde 1957. Segundo o pajé Santxiê, do povo Tapuia Fulni-ô, o Santuário está num ponto do Cerrado onde começa a Amazônia e tem conectado muitos xamãs e mulheres de cura do mundo todo. Ele diz que o espaço serve ao fortalecimento de sua tradição, e que possibilita o acolhimento e a interação com outros povos indígenas que passam pelo planalto central, quando distantes de suas terras e seus territórios. Entretanto, o Santuário vem sendo ameaçado pela especulação imobiliária da capital federal.

O Fogo Sagrado foi aceso e foram rezadas as primeiras preces pela avó anfitriã Maria Alice Campos Freire e Pajé Santxiê, zelador do Santuário dos Pajés.

Depois da cerimônia, Santxiê partilhou um pouco de sua tradição, ao lado de seu filho.

Na nossa mitologia, no início era tudo escuro. Então Tupã disse para o beija-flor: ‘leve o fogo para o meu povo’. O beija-flor saiu de uma cachoeira em uma montanha e trouxe o fogo para o centro da aldeia. Quando o fogo acendeu o povo todo foi fazer oração e receber aquela fagulha de fogo. Foi assim que nós recebemos o fogo do beija-flor. Daí em diante começaram os povos, nossos antepassados, a querer um pouco de fogo para distribuir, para evoluir na sua sobrevivência no planeta.