Os Quatro Fundamentos – Mona Polacca

“Eu gostaria que vocês, nesse momento,  fechassem os olhos, silenciassem suas mentes. Olhem dentro de si.

Houve uma época, quando vivíamos dentro da água, no útero de nossa mãe. Quando chegou o momento de nascermos, a água saiu na nossa frente, nós a seguimos. Nós chamamos isso de primeiro fundamento da vida.

A primeira coisa que você fez quando entrou nesse mundo foi abrir a boca e respirar a sua primeira inalação de ar. E quando você soltou esse ar, de volta para fora, se fez um som e foi o seu primeiro choro pela vida. Desde então, você vem usando esse ar para respirar, para emitir sons, para se comunicar, seus sentimentos, seus pensamentos.

Em seguida, na sua casa, acenderam um fogo para aquecer o lar e também iluminar o ambiente. Segundo nossa tradição indígena, acenderam também para rezar junto ao fogo por você. Houve um momento em que pela primeira vez o avô sol olhou para você, nós chamamos o avô fogo, também chamamos de avô sol. E desde então, todo dia quando nós acordamos, o sol está lá para iluminar o nosso caminho. Este é o terceiro fundamento da vida.

Seguindo sua jornada pessoal, haverá um momento em que a pessoa que está cuidando de você vai deitá-lo na mãe terra. No começo você fica apenas deitado de costas e, após algum tempo, você acaba deitando de bruços. Chegará um momento em que você será capaz de se levantar e ficar sentado na mãe terra, usando a sua coluna vertebral, aprendendo a se sentar sobre a mãe terra. E, mais adiante, a pessoa que cuida de você coloca você com os pés nos chão segurando você para se sustentar. Então, essa pessoa solta você para se sustentar sozinho pela primeira vez, em pé, sobre a mãe terra. Essa é uma das visões mais belas que existe: quando uma criança aprende a ficar em pé sozinha pela primeira vez, conectada à mãe terra e sentindo o equilíbrio da mãe terra. Haverá, então, um momento a seguir, em que você dá seu primeiro passo e começa a andar o seu caminho sobre a mãe terra. Esse é o nosso quarto fundamento da vida e todos nós passamos por essa experiência. Não importa qual a nossa cor, não importa qual a crença ou prática espiritual que nós seguimos.

Dessa maneira, todos nós estamos relacionados. Todos nós temos um parentesco e compreendemos a nossa dependência dos quatro fundamentos da vida. Mesmo que cada um de nós tenhamos nossas conexões, temos nossas linhas sanguíneas, nossos ancestrais, que também devemos recordar.

Não precisa ser um grande cientista para entender as coisas a respeito da terra, do ar, da água e do fogo. A minha irmã Avó Rita teve a oportunidade de conversar com alguns cientistas e ela lhes falou: “É realmente simples, porque vocês não conseguem entender?”. Eles também são seres humanos.

Então, isso é tudo o que tenho a dizer. Muito obrigada pela sua atenção. Que todos sejam abençoados!”