Programa Água e Cultura da Unesco
Roberto Retrespo, responsável pelo Programa Água e Cultura da Unesco na Colômbia.
“Isso é muito grande, mas é muito simples também.
Nós somos os herdeiros da grande tradição do Ocidente, uns porque nasceram nela e outros porque essa tradição foi imposta a eles e, neste contexto, nós criamos a maior crise de sobrevivência desse planeta. Não é um problema de conhecimento e nem de tecnologia, é um problema de visão. Nós, hoje em dia, falamos de conservar, mas ninguém quer ceder nada: seguimos consumindo e nos relacionando com a natureza de uma forma vertical. Nós em cima, no topo, e a crise ambiental está se sobrepondo a nós.
Quando foi criado o programa de Água e Cultura da Unesco, chegamos à conclusão de que precisávamos urgentemente buscar novas visões, encontrar a visão dos povos originários ou indígenas em todos os continentes. Então, se existem povos que souberam conservar e que tem a posição de guardiões, nós temos que aprender com eles. Por isso, o nosso trabalho em Água e Cultura procura recorrer a essas tradições e colocar em diálogo a visão indígena com a ciência Ocidental, com os educadores, economistas e com os políticos.
Nós vemos que isso é um problema de ver com o coração, da visão do coração. E por isso estamos montando uma rede em um universo que é em rede, que já existe em rede. Queremos colocar em contato todos os guardiões, todas as culturas originais que são guardiãs, porque conhecem a água, porque tiveram essa vivência e já guardaram essa tradição há muitos anos, para que através dos seus rituais e das suas visões nos ajudem simplesmente a sobreviver. Alguns povos originários propuseram que assim como a UNESCO tem a Reserva da Biosfera e da Cultura, que se criem as Reservas Espirituais da Humanidade, aonde todos os lugares sagrados sejam preservados da ciência Ocidental, sem arqueólogos, sem mineradores, sem hidroelétricas e represas, nada, só a vida.
Gratidão”.