O ENCONTRO NO BRASIL
Logo após sua origem, o Conselho Internacional das 13 Avós Nativas decidiu ter dois encontros a cada ano, no lar de cada uma delas, para solidificar suas alianças e aprofundar o relacionamento com as culturas. Em cada reunião a Avó anfitriã planeja um encontro de sete dias para rezar pela paz mundial. Isto resultou em um movimento de solidariedade e criou uma voz nativa global dos guardiões da sabedoria da Terra.
E foi assim que, entre os dias 21 e 24 de outubro de 2011, Brasília foi palco de um encontro que valorizou a diversidade cultural e espiritual do Brasil e do mundo: a “Voz das Avós – No Fluir das Águas”.
ÁGUA COMO TEMA CENTRAL
Foram convidadas avós brasileiras de diversas tradições e saberes com vistas a valorizar e fortalecer o papel das avós na manutenção e transmissão das culturas tradicionais e no cuidado com o planeta. Também foram convidadas personalidades brasileiras e latino-americanas que enriqueceram as conversas sobre os temas relacionados à salvaguarda dos saberes ancestrais, à preservação ambiental e a tantos outros assuntos que emergiram. A Água foi escolhida como o tema central do encontro, considerando-se seu valor nas culturas tradicionais e o desafio atual da humanidade em relação à sua conservação. A Água foi escolhida como o tema central do encontro, considerando-se seu valor nas culturas tradicionais e o desafio atual da humanidade em relação à sua conservação.
O evento “A Voz das Avós: no fluir das águas” buscou criar espaços de diálogo e chamar a atenção sobre a importância das tradições dos povos originários e a figura das anciãs como guardiãs destes legados. A reunião de expressões culturais e espirituais de diversos países do mundo e de várias regiões do Brasil proporcionou a troca e a valorização desses saberes. Assim, “A Voz das Avós” compôs reflexões que ultrapassaram o âmbito do evento e geraram subsídios para inspirar ações futuras no contexto nacional. O evento foi realizado na Universidade da Paz – Unipaz, em Brasília. A Unipaz é um local historicamente ligado à recepção de eventos difusores da cultura de paz. O X Encontro reuniu um público estimado em 600 pessoas, durante quatro dias. Teve entrada franca para garantir a presença de todas as camadas sociais e, especialmente, dos jovens.
PORQUE BRASÍLIA?
Foi escolhida a cidade de Brasília para a realização do X Encontro do Conselho Internacional das 13 Avós Nativas por representar um ponto de convergência étnica, geográfica e política das direções num ponto central do nosso país, a capital. Outro fator significativo é que o Planalto Central destaca-se por sua grande quantidade de nascentes de rios que correm em importantes áreas de preservação ambiental do país, tornando-se um cenário importante para a recepção de eventos internacionais de cunho ambientalista. O evento pretendeu ser uma semente multiplicadora de despertar de consciência. Ele buscou atingir as próprias comunidades tradicionais, através de suas representantes, mas também jovens, estudantes, acadêmicos, pessoas que atuam no governo, na administração pública, nas organizações sociais e outros espaços sociais brasileiros.
AVÓS BRASILEIRAS
O evento A Voz das Avós promoveu o diálogo entre as tradições ancestrais do mundo – representadas no Conselho Internacional das 13 Avós Nativas – e as tradições ancestrais do Brasil, representadas pelo grupo das Avós brasileiras. Este grupo de 13 Avós Nativas brasileiras foi constituído por anciãs reconhecidamente vinculadas às práticas tradicionais. Para formar o grupo das Avós Brasileiras, foram promovidas oficinas regionais e também disseminada a proposta em fóruns sociais já agendados, que tinham afinidade com o Encontro. As reuniões aconteceram, portanto, com grupos já mobilizados em torno da expressão do feminino tradicional, como grupos e associações de parteiras, rezadeiras, erveiras, educadoras, extrativistas, indígenas, afrodescendentes, ribeirinhas, ambientalistas, pesquisadores, entre outras expressões dos povos e populações tradicionais do Brasil e dos setores que os apoiam.
Com este espírito foi realizada a cerimônia do Fogo Sagrado, de abertura do encontro, reunindo as avós internacionais com as avós brasileiras e os demais participantes e convidados. O Fogo Sagrado foi aceso e foram rezadas as primeiras preces pelos anfitriões avó Maria Alice Campos Freire, representante brasileira no Conselho Internacional das Treze Avós Nativas e Pajé Santxiê, liderança Tapuia Fulni-ô, fundador do Santuário dos Pajés. Após a abertura, as avós brasileiras foram convidadas a se apresentarem ao redor do fogo. Seguiram-se momentos de grande interação intercultural. Em seguida as avós internacionais se apresentaram e compartilharam seus sonhos para o mundo.
PROGRAMAÇÃO
A programação do evento foi inpirada pelas diferentes temporalidades: o Ontem, o Hoje, o Amanhã e o Novo Tempo. As atividades do Encontro intercalaram cerimônias e preces com mesas de conversa.
O significado profundo das HERANÇAS marcou o primeiro dia do Encontro, com reverência e valorização pelo “ontem”. Partilhar as nossas heranças no sentido de prestar reverência à ancestralidade, valorizando o “ontem” como caminho para o reconhecimento de nossa identidade e a resignificação do presente.
O segundo dia foi marcado pelas PERCEPÇÕES E INQUIETUDES da atualidade, do “hoje”. Como os povos tradicionais estão vivenciando este momento crítico do planeta? foi a questão norteadora do diálogo. A visão das anciãs guardiãs do conhecimento tradicional foi, por vezes, complementada com as percepções dos convidados. No início da tarde, transcorreu a segunda mesa temática do evento: “Culturas Tradicionais e Conservação da Água”. As falas apontaram questões que atualmente afetam e põe em risco o bem-viver das comunidades tradicionais e da sociedade como um todo, tal como a construção de barragens, a contaminação dos mares e rios, a destruição das florestas.
O ”amanhã”, terceiro dia, símbolizado pelas SEMENTES, abriu caminho para a apresentação de projetos inovadores e intergeracionais que estão espalhados pelo Brasil. Experiências que nos inspiram a construir um mundo melhor e que conjugam diferentes dimensões da Vida (cultural, social, espiritual, econômica, ecológica). Os convidados falaram sobre suas experiências como expressões singulares da transmissão das tradições culturais entre as gerações. O diálogo também girou em torno das diversas experiências que nos inspiram a construir um mundo melhor, a partir da conjugação de diferentes dimensões da vida – cultural, social, espiritual, econômica, ecológica. Ao final do dia aconteceram atividades especiais que criaram um espaço dinâmico e afetivo entre jovens, crianças e as avós, com o plantio de mudas e a oficina de desenho do “Rio da Vida”, conduzida pela educadora Vera Catalão.
O quarto dia representou um NOVO TEMPO – transformando preces em ação! Buscou refletir, sonhar e vivenciar a construção do tempo que se quer viver. Foi um momento de partilhas, de conversas entre avós, de reconhecimento dos aprendizados, de inspiração e construção de compromissos do público sobre sua ação no mundo e sobre a continuidade do movimento das avós. Ao final da tarde foi realizada uma prece pela paz no centro de poder da capital da República.
OBJETIVOS DO ENCONTRO
• Promover o diálogo intercultural e inter-geracional; apoiar a valorização dos conhecimentos tradicionais e o fortalecimento da paz planetária; incentivar iniciativas de expressão artística e cultural que desenvolvam o diálogo inter-geracional como proposta de base.
• Registrar os conteúdos das mesas de diálogo, das conversas significativas, das mensagens e legado das avós, visando garantir a disseminação desses conhecimentos como um resultado para além do evento, que possa ser utilizado e divulgado em outras esferas, tais como escolas, redes sociais, grupos de jovens, sociedade civil organizada, poder público.
• Estabelecer uma aliança global de preces,educação e cura.
• Dar visibilidade às formas ancestrais de oração, cura e preservação da natureza, visando, a partir destes saberes, contribuir com a sociedade brasileira para refletir sobre estratégias de resolução das questões atuais de sobrevivência.
• Reconhecer os saberes que são as raízes de nossa sociedade, promovendo a escuta da voz das mulheres anciãs das comunidades tradicionais, como as representantes do cuidado com a vida e as guardiãs do conhecimento tradicional dos povos.
• Constituir um grupo de 13 Avós Nativas brasileiras. Reunir anciãs reconhecidamente vinculadas às práticas tradicionais e promover uma reflexão sobre seu papel na sociedade e como seus saberes tradicionais podem contribuir para as soluções emergenciais globais e locais. A proposta é que estas reuniões aconteçam com grupos já mobilizados em torno da expressão do feminino tradicional, como grupos e associações de parteiras, rezadeiras, erveiras, educadoras, extrativistas, indígenas, afrodescendentes, ribeirinhas.
• A proposta é que o Encontro propicie reflexões que possam servir como fontes de inspiração para ações e políticas direcionadas à conservação do meio ambiente e especificamente da Água.
DESDOBRAMENTOS A PARTIR DO ENCONTRO
• Relatórios das rodas de conversa sistematizados e disponibilizados via web;
• Registro audiovisual do encontro disponibilizado via web;
• Registro audiovisual de mensagens das avós para a nação brasileira disponibilizado via web;
• Revista virtual contendo o registro dos diálogos do encontro e depoimentos das avós brasileiras sobre a relação entre os temas debatidos e as questões vividas em suas comunidades;
• Vídeo documentário, com histórias de vida das avós, experiências das comunidades sobre boas práticas e temáticas ambientais, depoimentos e cobertura do evento;
• Elaboração da Carta do Encontro “Moção Global Pela Água”
QUESTÕES DEBATIDAS AO LONGO DO ENCONTRO
• Fortalecimento de Círculos de Mulheres – Que passos podemos dar para que nossas vozes sejam ouvidas pelo Poder Público? Que ações individuais ou coletivas podemos realizar para influir nos temas globais?
• Perspectivas Coletivas e Globais para a Captação de Recursos – Como construir um modelo baseado no compartilhamento e não na competição por fundos de financiamento?
• Negócios Sustentáveis Orientados pelos Princípios das Tradições – Como fortalecer o papel dos Conselhos de Anciãos no gerenciamento da expansão dos produtos tradicionais no mercado mundial?
• Aliança de Povos Tradicionais a Benefício do Bem Viver Coletivo – Como unir os povos, transcendendo as diferenças de suas tradições, na construção de uma convivência de cooperação e paz?
Coordenação Geral: Maria Alice Campos Freire
Assistente de Coordenação Geral: Julia Freire de Medeiros
Coordenação Executiva: Suzana Beiro
Coordenação Administrativo-Financeira: Wesley Montelo
Articulação e mobilização das avós brasileiras e convidados: Adriana Machado
Equipe de Coordenação da Metodologia, moderação e sistematização: Liliana Salvo, Ricardo Burg Mlynarz e Sumaya Dounis
Criação do emblema, website e peças gráficas: Tiago Botelho
Coordenação de Voluntários: Maria Corrêa Fontes
Equipe de Coordenação de Voluntários: Carolina Monteiro, Cristiane Brandão, Cristiane Marques, Lana Guimarães.
Criação e planejamento arquitetônico: Gabriela Dias Mendes
Apoio à equipe internacional: Andreia Mandú
Mestre de Cerimônias: Alexandra Reschke
Assessoria de imprensa: Allan Kardec Pimentel
Facilitação Gráfica: Camila Scramim e Carla Hirata
Coordenação logística da Unipaz: Isac Pamplona e Lydia Rebouças
Apoio a Mobilização: Esther Pallares, Raquel Pallares e Sabrina Alves
Tradução do site: Cintia Alcoforado, Leda Carbonera, Roberta Cruz e Vanessa Schultz.
Produção e direção do filme A Voz das Avós no fluir das águas: João Amorim
Programação Cultural: Mestre Zé do Pife e as Juvelinas, Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, Índia Mãe da Lua.
Pintura do Mural: Alice Waliss, Isadora Stepanski, José Diego, Maria Fernanda (Mafê), Renata Navega, Tiago Botelho.
Integral Bambu: Marcelo Rio Branco e Roberta Martins
Tipi: João Jorge Fonsceca, Nayara do Prado Fonsceca e Sérvulo Neto
Presentes das avós: Mariana Fonseca Xavier Nunes e Marcella Ferreira
Decoração do evento: Alexandre Bernardes, Cristiane Guimarães
Equipe de voluntários:
Adriana Ocelot, Alexandre Holanda, Andréia Magalhães, Augusto da Paz, Ana Bianca, Ana Zélia, Anísia, Beatriz Penna, Bianca Furtado, Bruna Avelar, Bruna Regina Andrade, Camila Fonseca, Camila Rebelo, Carla Guedes, Carlos Benjoino, Cecília, Cíntia, Clarice Andreozzi, Clarisse Ribeiro, Dione Ferreira, Eduardo Rombauer, Elisa Sette, Eliane Pequeno, Fernanda Souza, Flávia Lucci, Felipe Arancibia, Flávio, Gabriele Valente, Gabriel Romão,Gloria Bonilla, Iná Machado, Índia Mãe da Lua, Íris, Isabel, Jean Devillart, Juliana Flor, Juliano Serra, Júlio Almeida, Jussara, Kathi, Kelly, Kelly Cristina Alves, Leena Andini, Lidiane Leão, Luciana, Luciana Andreozzi, Luis Fernando Menezes, Mangala, Manuela Barroso, Marcelo Rio Branco, Marcella Ferreira, Marcello Pedroso, Márcia Abreu, Maria Fernanda, Mariana Fonseca Nunes, Marina Allevato, Minoro, Moisés Cintra, Natália de Souza, Nathália Lima Verde, Paula Pompeu, Pedro, Pedro Sanches, Raquel Arumã, Roberta Martins, Rodrigo Ecos, Santha, GilmarSantos,Silvana Marques, Susana Kauer, Stuart Green, Tainá Lacerda, Tânia,Tatiana Pedersoli, Valeria Fischer, Yandara, Daniela Leal, Nilda Lopes Penteado, Fernanda Martins e todos os demais voluntários não citados que ajudaram a realizar o Encontro A Voz das Avós.
Agradecimento especial às pessoas que organizaram a comitiva de recepção das avós mapienses. Graças à organização, apoio e carinho desses voluntários o evento contou com a presença de 13 avós da comunidade do Céu do Mapiá